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2. O Nascimento de Jesus (Mateus 1,18-25)

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O Livro de Mateus começa com uma genealogia que traça a linha de Abraão (a quem foram feitas as promessas), através de David (que se tornou o primeiro rei na linha das promessas do pacto), a Jesus Cristo. Esta genealogia mostra que a família de José estava na linha dos reis – que Jesus era o “filho” de David. Por conseguinte, Mateus apresentará Jesus como o Rei prometido – o Messias. Mas começaremos o nosso estudo com o primeiro parágrafo narrativo.

p>Nota de esclarecimento: A palavra christos é a tradução grega da palavra hebraica mashiah (pronunciada mah-she-ack), que significa “ungido”. É a descrição de um rei. “Cristo”, então, é um título que indica que Jesus é o rei ungido, o Messias prometido.

A Leitura

18Foi assim que nasceu Jesus Cristo: A sua mãe Maria foi prometida em casamento com José, mas antes de se unirem, ela foi encontrada grávida pelo Espírito Santo. 19Porque José seu marido era um homem justo e não a queria expor à desgraça pública, ele tinha em mente divorciar-se dela tranquilamente.

20 Mas depois de considerar isto, um anjo do Senhor apareceu-lhe num sonho e disse: “José filho de David, não tenhas medo de levar Maria para casa como tua esposa, porque o que nela é concebido é do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, e vós deveis dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”

22 Tudo isto aconteceu para cumprir o que o Senhor tinha dito através do profeta: 23 “A virgem estará grávida e dará à luz um filho, e chamar-lhe-ão Emanuel”- o que significa, “Deus connosco”

24 Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e levou Maria para casa como sua esposa. 25 Mas ele não teve união com ela até que ela deu à luz um filho. E deu-lhe o nome Jesus.

Observações iniciais sobre a leitura

É útil ler a passagem várias vezes e fazer uma série de observações sobre o texto. A maioria das observações levantará questões que tentará responder (o estudo bíblico envolve aprender que tipo de coisas procurar, que tipo de perguntas fazer). Mas passe o máximo de tempo que conseguir observar o que o texto diz, como o diz, o que não diz, o que enfatiza, e coisas semelhantes.

Por exemplo, a passagem não diz nada sobre a dificuldade da situação para Maria e José e a sua família, que deve ter sido considerável. Mas essa dificuldade pode ser a razão pela qual foi necessária uma revelação angélica. Sempre que algo como isto ocorre, algo tão afastado da experiência humana, há normalmente alguma revelação de Deus que lhes vai acalmar o coração e encorajar a sua resposta de fé. Além disso, a própria Maria tinha recebido uma visita angélica (Lucas 1:26-38) com a mesma mensagem, e essa revelação foi-lhe confirmada pela resposta da sua prima Isabel (Lucas 1:39-45). Quando se reúnem os relatos do anúncio deste nascimento sobrenatural, é mais fácil compreender a conformidade directa de José e Maria.

p>Agora, então, precisamos de olhar para a forma como a narrativa é construída. A passagem tem uma pequena introdução que nos diz que foi assim que o nascimento se deu. Se ler novamente a passagem e tomar nota (mental, se não literal) da linha da história, verá como o nosso estudo irá prosseguir. As cláusulas principais dizem que Maria foi prometida em casamento, foi encontrada grávida, e José planeava divorciar-se dela, embora de uma forma amável. Mas uma revelação de Deus explicou o seu estado, e assim ele completou o acordo matrimonial, mas só teve relações sexuais com ela depois do nascimento de Jesus. Esta é uma breve passagem, e assim a linha da história é fácil de identificar.p>Duas coisas na narrativa dão-lhe todo o significado de que necessita. A primeira é a citação do que o anjo disse. Sem isso nada na história poderia ser compreendido. E assim, muita atenção será centrada na revelação sobre o nascimento de Jesus. A segunda coisa que é acrescentada à história que é essencial para a interpretação é a explicação editorial que Mateus faz nos versículos 22 e 23, dizendo-nos como tudo isto foi um cumprimento da profecia de Isaías. Sem dúvida que Maria (e José) entendeu esta ligação em devido tempo, mas talvez não na altura do acontecimento. A explicação é dada para os leitores do relato de que este nascimento sobrenatural é um cumprimento de uma profecia de Deus. Isto também terá de ser estudado.

Então, identificando as citações e os comentários na narrativa que explicam a linha do conto, orientar-nos-á para o que é mais importante na compreensão da história. Ainda temos de ter a certeza de compreender a linha da história, mas estas coisas conduzir-nos-ão ao significado completo do acontecimento.

O assunto da história

Este relato, como diz o seu título, é sobre o nascimento de Jesus o Cristo. Se tivéssemos de identificar um actor principal na narrativa, teria de ser o Senhor, movendo-se por detrás dos bastidores para provocar o nascimento de Cristo. Maria é encontrada grávida (o verbo é passivo, e por isso a história não está a enfatizar nada do que ela fez). José está prestes a agir, mas é impedido de o fazer pelo Senhor através de um sonho. As suas acções são uma resposta à revelação de Deus. Mas é Deus que está a trabalhar na narrativa: Deus o Espírito Santo realiza a concepção em Maria, o anjo de Deus revela o mistério a José e dá-lhe as instruções, e tudo isto é um cumprimento do que Deus tinha profetizado centenas de anos antes.

Com a ênfase sendo colocada na obra de Deus desta forma, o nascimento só pode ser visto como sobrenatural. Este é o tom que Mateus quer dar no início do seu evangelho – não há nada de puramente humano neste Jesus. O nascimento foi de Deus, explicado por Deus, em cumprimento de uma profecia de Deus. Deus planeou-a, Deus realizou-a, e Deus certificou-se que os principais participantes a compreenderam (tanto quanto eram capazes de compreender). Tudo foi sobrenatural.

Identificar o assunto e o “personagem” principal da história ajuda-nos a mantermo-nos próximos do ponto da história, ou pelo menos a fazer justiça ao tom da mesma.

Aspectos Culturais da História

Será útil lidar com o aspecto cultural do casamento neste ponto, uma vez que ele surge tão rapidamente na linha da história. José e Maria estavam noivos, noivos como algumas versões o traduzem. Nessa cultura, o noivado equivalia a ser casado, excepto que esperaram por um período de cerca de um ano antes de consumarem realmente o casamento. Isto foi para mostrar que o casal permaneceu puro até se unirem. Se houvesse uma violação nesse período – como parecia inicialmente ser – então seria preciso um divórcio para pôr fim ao noivado – casamento. Para mais informações sobre o tema do casamento e do noivado pode ler as discussões relevantes nos dicionários bíblicos. Uma boa obra geral a procurar (pode estar temporariamente esgotada) é a obra de Roland de Vaux, Ancient Israel (publicada em papel em dois volumes por McGraw-Hill; um volume sobre instituições religiosas e outro sobre instituições sociais – como o casamento).

Outro assunto sobre o qual pode querer pensar, se tiver tempo, é a importância dos sonhos na Bíblia como meio de revelação divina. Também aqui pode começar com discussões de dicionários bíblicos. Os sonhos dados a Israel na Bíblia têm geralmente revelação verbal no centro; os sonhos que dizem respeito às nações são frequentemente simbólicos e requerem um intérprete, geralmente um hebreu (como José ou Daniel). Os sonhos no nascimento de Jesus são claramente revelação. Por outras palavras, estes sonhos não são sonhos vulgares capazes de várias interpretações. Eles trazem uma palavra clara de Deus. E o povo sabia de tais coisas porque o Antigo Testamento tinha um bom número delas na revelação do programa de Deus.

O significado dos nomes

Não há muitas palavras nesta passagem que precisem de ser definidas. Mas no centro da revelação está a atribuição do nome “Jesus”. Também aqui se poderia obter ajuda de um bom dicionário bíblico. Mas para encurtar o processo, resumirei o que encontrarão. Este é um bom nome hebraico muito semelhante ao nome do Antigo Testamento “Josué”. Os hebreus adoravam dar nomes com significado; e o significado geralmente envolvia algum jogo de palavras sobre o nome. O jogo de palavras com este nome está no verbo “para salvar”. Esse verbo em hebraico é “yasha”. Nomes como Oséias, Isaías, e Josué, para citar apenas alguns, são todos baseados neste verbo. O nome “Jesus”, tal como o nome “Josué”, significaria “o Senhor salva”, ou abreviado significaria “ele salva”. É por isso que o significado do nome é então explicado: “Porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados”

Este último esclarecimento era necessário porque no Antigo Testamento o verbo “salvar” é mais frequentemente usado para libertação física – salva dos inimigos, da doença, da opressão, da morte. É também usado no sentido de salvação do pecado, mas as pessoas provavelmente pensariam primeiro em outros tipos de salvação. De facto, os seguidores de Jesus pensavam muitas vezes mais no sentido de uma libertação nacional de Roma do que de uma salvação espiritual do pecado. A palavra de Deus deixa claro desde o início que a salvação que Jesus trará será uma salvação do pecado. Uma vez tratado o pecado, então os resultados do pecado também podem ser tratados (e haverá libertação dos problemas que o pecado causou).

A Revelação Angélica

Desde que estejamos a considerar a atribuição do nome, podemos lidar com toda a revelação através do anjo também neste momento. O núcleo da revelação é que “o que nela é concebido é do Espírito Santo”. Isto é completamente sobrenatural, claro, e está para além de qualquer compreensão humana. A questão é simplesmente colocada que Jesus nasceu de Maria e sem um pai humano.

A genealogia no capítulo preparou-nos para isto: o versículo 16 dizia, “e Jacob, o pai de José, o marido de Maria, de quem nasceu Jesus, que se chama Cristo”. Não enumera Jesus como um filho de José. Ele nasceu de Maria. Voltaremos a este assunto quando discutirmos os significados doutrinários com base no texto. Mas neste ponto devemos simplesmente recordar como Jesus disse tantas vezes coisas como “Eu sou de cima, vós sois de baixo”, ou que “Deus enviou o Seu Filho ao mundo”. Houve um nascimento em Belém, para ter a certeza. Jesus, o humano, nasceu de Maria; a criança foi concebida sobrenaturalmente no seu ventre pelo Espírito Santo. Mas o Filho, o Filho divino, foi enviado para o mundo a partir do céu pelo Pai. E a pessoa de Jesus Cristo tem estas duas naturezas, a humana terrena e a divina eterna, sobrenaturalmente unidas nEle.

O ponto do nascimento sobrenatural, a revelação sobre ele, e a atribuição do nome, segue uma longa tradição de tais coisas no Antigo Testamento. Tudo isto sublinhou que este seria um filho do destino, uma dádiva de Deus, por assim dizer. Mas todas essas provisões de filhos do destino eram meras sombras em comparação com esta, a vinda do Filho de Deus para o mundo. O corpo de Jesus foi especialmente preparado por Deus o Espírito para o Filho que veio ao mundo.

O Cumprimento da Profecia

Agora precisamos de estudar a outra secção esclarecedora da passagem, a nota de que este foi um cumprimento da profecia de Isaías. Isto estará um pouco mais envolvido porque a maioria dos cristãos não é assim tão versada em Isaías, e pode achar que é um pouco complicado de classificar. Sempre que houver uma menção de uma profecia que foi cumprida, terá de voltar atrás e lê-la no Antigo Testamento dentro do seu contexto, a fim de compreender a profecia, e depois ver como foi cumprida no Novo Testamento.

Aqui é onde um bom comentário sobre a Bíblia lhe pouparia algum tempo; poderia ler o capítulo em Isaías e depois o comentário do capítulo para lhe dar uma ideia do que se está a passar. Mas vou encurtar aqui o processo resumindo o que se passa em Isaías 7 e como aponta para este incrível nascimento. Mas deve ler o capítulo em Isaías.

p>O cenário. O cenário do capítulo foi uma invasão iminente cerca de 734 a.C., apenas alguns anos antes do reino do norte de Israel ter sido destruído (722). A ameaça era de uma aliança feita entre o rei de Damasco (Rezin) e o rei de Israel (Pekah) contra o rei de Judá em Jerusalém (Acaz). Para o dizer em termos compreensíveis, seria como se a Síria moderna se juntasse ao povo da Cisjordânia (que é o coração de Samaria/Israel) contra Jerusalém – excepto que naqueles dias o povo de Samaria/Israel era israelita. A preocupante aliança procurou remover o rei em Jerusalém e substituí-lo por um rei fantoche, o filho de Tabeel.p>O profeta foi chamado para ir ao encontro do rei enquanto ele verificava o abastecimento de água para o cerco. A palavra de Deus era que não havia razão para temer estes dois reis do norte – eles eram marcas ou tocos de madeira que cheiravam mal. A invasão não ia acontecer. A palavra do Senhor era que dentro de alguns anos todo o território do norte seria destruído e levado em cativeiro e Judá sobreviveria.

Mas a mensagem ao rei exigia fé se ele fosse ter uma parte no futuro programa de Deus: “Se não acreditares, não serás confirmado” (v. 9). Em expressão moderna, diríamos que Isaías disse ao rei que Deus tinha um futuro planeado para o reino de Judá, mas que ele não fazia parte dele. Isaías sabia que este rei não ia confiar no Senhor.

De facto, o profeta ofereceu um sinal ao rei. Para garantir a fiabilidade da palavra do profeta, o rei poderia ter pedido qualquer sinal, por estranho que fosse ou sobrenatural que fosse. Mas isto colocava-o num dilema. Como vê, ele não era um crente, nem de forma alguma (leia 2 Crónicas 28). Portanto, ele não queria submeter-se aos conselhos do profeta ou ao apelo à fé; mas não queria aparecer como incrédulo perante o povo. Então ele fingiu piedade e recusou-se a pedir um sinal, dizendo que não queria testar o Senhor.

p>Isso irritou o profeta (e o Senhor) e assim um sinal foi dado à Casa de David (em geral, não a este rei) de qualquer maneira. O sinal era que haveria um nascimento que garantiria o futuro da dinastia. A guerra estava a chegar; a extinção era possível; mas Deus estava a garantir um futuro para a família real Davidic através de um nascimento inesperado: uma virgem conceberia e teria um filho. O Pacto Davídico permaneceria no lugar – mas Ahaz não teria qualquer participação no futuro.p>A profecia. Os estudiosos bíblicos têm interpretações diferentes sobre como esta profecia funcionava, e pode passar muito tempo a classificá-las, se quiser. Alguns argumentam que, por se tratar de uma profecia tão especial, só tem um cumprimento, o nascimento de Jesus. Mas uma leitura cuidadosa da passagem indica que algum cumprimento parcial ou aplicação das palavras era esperado durante a sua vida, pois as coisas estariam a acontecer antes de a criança atingir uma certa idade. Parece mais provável que tenha havido um nascimento nos dias de Isaías, não um verdadeiro nascimento virgem, mas um nascimento inesperado de um jovem príncipe para uma mulher da família real, uma mulher que era virgem na altura. O nascimento inesperado seria visto como uma dádiva de Deus, porque era um sinal de que a família real iria continuar. Dir-lhes-ia que Deus estava com eles.

A palavra hebraica traduzida “virgem” significa essencialmente uma jovem mulher suficientemente madura, ou suficientemente madura para o casamento. Mas este contexto exigiria a conotação de “virgem” uma vez que se tratava do nascimento de um príncipe na família real, mas mais importante ainda era um sinal de Deus.

Alguns estudiosos sugeriram que se olhasse para o nascimento do bom rei Ezequias. Outros sugerem que é uma profecia do próprio filho de Isaías, registada em termos semelhantes em Isaías 8. Mas o texto não diz; é simplesmente o oráculo dado em antecipação do nascimento.

Sabemos que a profecia tem o seu significado mais completo, e o seu cumprimento divinamente pretendido, portanto, no nascimento de Jesus. A família real davídica era quase inexistente (Herodes nem sequer era judeu); Roma dominava completamente a cena política. E no meio de tudo isto foi dado um sinal, que era um cumprimento do antigo sinal de Isaías: haveria um verdadeiro nascimento virginal na linhagem de David. Qualquer cumprimento parcial nos tempos do Antigo Testamento teria sido meramente um prenúncio do verdadeiro cumprimento em Jesus. Veremos este padrão da forma como a profecia funciona de novo e de novo.

p>Nota por favor: a doutrina do nascimento virginal não depende da etimologia da palavra hebraica para “virgem” ou “mulher jovem”. A doutrina é claramente ensinada nos relatos evangélicos. Mas a palavra para “virgem” tem a sua nuança muito específica em referência ao nascimento de Jesus.p>O contexto em Isaías. Agora, uma outra coisa é necessária para compreender o anúncio desta profecia – o seu contexto. Isaías 7–11 é chamado o Livro de Emanuel. Deixem-me percorrê-lo para que possam ver o significado da secção de onde provém esta profecia. No capítulo 7 é anunciado o sinal de um nascimento extraordinário, em última análise um nascimento virgem, e aquele que nascer será conhecido como Emanuel, Deus connosco. Por outras palavras, o nascimento seria uma prova da presença de Deus com o seu povo. No Antigo Testamento, essa presença poderia ser sentida de várias maneiras. Mas no Novo Testamento, na encarnação, Jesus era totalmente “Deus connosco”. O sinal era que a família Davidic iria continuar, e teria um futuro; mas a partilha desse futuro exigia fé.

Então, no capítulo 8, o profeta Isaías faz saber que Emanuel, este rei, será ou uma pedra de tropeço ou uma pedra de fundação, dependendo se acreditam nele e o fazem seu santuário ou não. Se não o fizerem, se continuarem a ir atrás de espíritas e necromantes e afins, não encontrarão resposta. Por que deveriam eles procurar a resposta entre os mortos? Deveriam procurar o Deus vivo. (Os anjos no túmulo do jardim usaram esta linha: Por que procuram os vivos entre os mortos?).

Então no capítulo 9 Isaías identifica este rei maravilha, Emanuel, e dá-lhe nomes de trono: Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno e Príncipe da Paz. Ele reinará com paz e justiça. Surpreendentemente Isaías diz que uma criança nascerá, que um filho será dado. O cumprimento em Cristo mostra quão precisa seria esta distinção.

E depois, de acordo com Isaías 11, Isaías diz que este rei será habilitado pelo Espírito Santo a provocar mudanças universais em toda a criação.

Então o anúncio do nascimento sobrenatural do Messias está num contexto repleto de descrições deste rei vindouro. Ele é, no mínimo, muito mais do que um rei mortal. Ele é sobrenatural em todos os sentidos da palavra. E a partir desse contexto os escritores do Novo Testamento sabiam que este Jesus, nascido da virgem Maria, era o cumprimento da profecia dada cerca de 700 anos antes. Talvez nem sempre a tenham compreendido, mas cedo perceberam que Jesus era de facto Deus com eles, em carne e osso (encarnação). Quando Mateus explica que o versículo de Isaías 7 encontra o seu cumprimento no nascimento de Jesus, está também a dizer que tudo em Isaías 7–11 que descreve o nascido da virgem se aplica também a Cristo.

Correlações do Novo Testamento

Quanto melhor conhecer o Novo Testamento, mais fácil será para si fazer as ligações a passagens relacionadas. Nesta altura, poderá utilizar dicionários e concordâncias. Uma vez que saiba como descrever a passagem – a encarnação, o nascimento sobrenatural de Jesus, o nascimento virginal – então poderá consultá-los nos dicionários bíblicos e eles incluirão referências na Bíblia nas suas discussões. Ou, um comentário que possa estar a utilizar deve ter também algumas referências cruzadas.

P>Faculdades. Será fácil olhar para os outros Evangelhos para ver o que eles dizem sobre o nascimento de Jesus. Já mencionei o relato em Lucas 1, onde o anúncio a Maria descrevia Jesus como “o Filho do Altíssimo” e “o Filho de Deus”. E declarou que ele iria reinar para sempre. Obviamente, a passagem não fala apenas de outro rei. Esta é especial. Esta é divina.

Mas João oferece mais alguns esclarecimentos. Ele descreve Jesus como a “Palavra”, a revelação completa da Divindade. Esta Palavra, Jesus, é o criador de todas as coisas (1:3). E esta Palavra tornou-se carne e habitou (tabernáculo) entre nós (1:14). E João disse que eles viram a sua glória, a glória do Filho unigénito. A sua descrição de Jesus como o “unigénito” é crucial (penso que o NVI tornou a tradução muito fraca). O verbo “gerar” (ao contrário de verbos como criar ou fazer) só pode significar que o gerado partilha a natureza do pai. Se Jesus partilha a natureza de Deus Pai, isso significa que Jesus é divino e, portanto, eterno. Nunca houve um tempo em que ele não existisse. Por conseguinte, a palavra “gerado” não deve ser entendida como significando que ele teve um começo, mas que a sua natureza é divina. E João não significa “divino em qualquer sentido diluído de “divino”; pelo contrário, ele significa que, neste aspecto, Jesus é verdadeiramente único. Assim, ele acrescenta a palavra “mono-” à frente da palavra grega “gerado” — “o Filho único gerado”. Há apenas um na raça humana que é verdadeiramente divino. O credo histórico da igreja acertou quando escreveu que Jesus foi “gerado, não feito”. Jesus é Deus manifestado em carne humana.

p>Existem dois sinais sobrenaturais que falam da natureza de Jesus. O primeiro é o nascimento sobrenatural que mostra que ele não nasceu como nós nascemos. O outro é a ressurreição, que mostra que Ele não está limitado às experiências deste mundo tal como nós somos. Ele está acima de tudo. Ambos estes sinais atestam o facto de Ele ser o Filho de Deus.

Epistles. Há muitas passagens nos escritos dos apóstolos que abordam o nascimento e o que ele significava. Duas se destacam acima das outras. A primeira é Gálatas 4:4, que diz “Na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a lei, para redimir aqueles sob a lei, para que pudéssemos receber os plenos direitos dos filhos”. Foi a tempo porque Deus o profetizou; foi um nascimento através de uma mulher, sem um pai humano, e foi com o propósito de redenção. Se Jesus tivesse tido um parto normal com um pai humano, ele teria sido totalmente humano e pecador como nós. A redenção exigia o trabalho de alguém diferente, alguém acima de tudo, do alto, sem pecado e sobrenatural. Sem esta descrição de Cristo a nossa salvação seria sem qualquer fundamento.

Philippians 2:6-11 também deve ser lido. Isto diz como Ele não se agarrou à sua posição elevada e poder no céu, mas pôs de lado o seu privilégio de divindade e assumiu a forma de um servo, nascido à semelhança humana. Ele humilhou-se, mesmo até à morte da cruz. Por isso, Deus Pai exaltou-o em glória, e um dia todos o exaltarão e louvarão. Um dia todos reconhecerão que Jesus Cristo não foi simplesmente um bom homem de Nazaré, não simplesmente um mestre ou um profeta, mas Deus em carne mortal.

Aplicações e Conclusões

A passagem está claramente escrita para informar os leitores, nós, que Jesus Cristo veio a este mundo sobrenaturalmente. O menino Jesus foi concebido pelo Espírito de Deus no ventre de Maria. Não sabemos como isso foi feito. Mas sabemos pelo resto da Escritura que esta foi apenas a parte humana formada no ventre – o Filho divino foi enviado ao mundo.

A resposta natural a isto é que é incrível, incompreensível, impossível, espantoso. Claro que, uma vez que se acredita realmente em Deus, nada é impossível para Deus. Mas a incredulidade tem dificuldade em aceitar algo como isto. Por isso, não nos surpreende ver cépticos a tentarem explicar isto. Na verdade, há algumas provas de que mesmo no tempo de Jesus as pessoas consideravam o seu nascimento “perturbado”: João 8,41 regista os inimigos de Jesus dizendo: “Não nascemos de fornicação”, possivelmente insinuando em alguma pergunta sobre o seu nascimento. Mas a resposta de Jesus a eles foi que Ele era de cima, e eles eram de baixo, do seu pai, o diabo.

Por isso a primeira resposta que devemos ter à passagem é considerar aquilo em que ela nos pede para acreditar. A profecia do Antigo Testamento, as revelações angélicas, o relato do acontecimento, e as outras testemunhas e explicações do mesmo, todos declaram que o nascimento de Jesus foi completamente sobrenatural, porque Ele não é um mero mortal. Embora alguns possam não o fazer no início, à medida que os capítulos do Livro de Mateus se desdobram, tornar-se-á claro que ninguém poderia fazer estas coisas se fosse meramente mortal. Assim, se no início isto for difícil de compreender, continue através do livro e veja como as obras de Cristo atestam a Sua natureza. Afinal de contas, os discípulos demoraram muito tempo a perceber isto.

O corolário natural desta resposta é então considerar o que devemos fazer em resposta à revelação da passagem. Outras passagens em Mateus explicarão a aplicação – perdoar aos pobres, dar graças a Deus, rezar, ou uma série de coisas do género. Esta não o especifica. Mas a resposta natural seria uma resposta de adoração e adoração. Se esta criança nascida de Maria é de facto quem a Escritura diz ser, então Ele merece a nossa devoção. E começa com a nossa resposta de fé a Ele como o Messias enviado do Céu.

Este tem sido o tema captado por tantos dos escritores de canções de cânticos que celebram o nascimento de Jesus. Considera este mais popular:

O pequena cidade de Belém, como ainda te vemos mentir;
Acima do teu sono profundo e sem sonhos passam as estrelas silenciosas;
Já na tua rua escura brilha a Luz eterna;
As esperanças e os medos de todos os anos encontram-se em ti à noite.
Porque Cristo nasce de Maria; e reunidos todos acima
enquanto os mortais dormem, os anjos guardam o seu olhar de amor maravilhoso;
O estrelas da manhã! Juntos proclamam o santo nascimento,
E louvores cantam a Deus Rei e paz aos homens na terra.
Como silenciosamente, como silenciosamente é dado o dom maravilhoso!
Então Deus dá aos corações humanos as bênçãos do Seu céu;
Nenhum ouvido pode ouvir a Sua vinda; mas neste mundo de pecado
onde almas mansas ainda O receberão, o querido Cristo entra.
O filho santo de Belém, desce a nós, nós rezamos;
Destrói o nosso pecado, e entra–nasce em nós hoje!
Nós ouvimos os anjos de Natal as grandes boas-novas dizerem–>br>Oh vem a nós, fica connosco, Nosso Senhor Emanuel.

p>Portanto Mateus soa a nota desde o início. Deus visitou este planeta a fim de redimir as pessoas dos seus pecados. Tudo começou com o extraordinário nascimento através de uma virgem, Maria, que tinha sido predito séculos antes. Tudo sobre esta encarnação era para ser sobrenatural, ou não iria funcionar. E assim desde o início somos confrontados com a natureza divina de Jesus o Messias, e com o propósito da sua vinda ao mundo.

Como disse Isaías, tudo isto seria um obstáculo para alguns, mas uma pedra de fundação para aqueles que acreditam. Quer as pessoas acreditem ou não neste primeiro sinal, a questão é clara quanto ao que a Palavra de Deus está a dizer claramente sobre Jesus. Mateus irá agora construir sobre esta introdução através dos capítulos.

Agora, se estiver a organizar esta pequena secção para um estudo bíblico, ela pode ser delineada de forma bastante clara. Os primeiros versículos cobririam a situação, a gravidez inesperada e a resposta de José a ela (vv. 18,19). Depois, os versículos seguintes explicariam a gravidez (vv. 20-23): a criança foi concebida pelo Espírito Santo e seria o Salvador do mundo, e esta criança seria Emanuel, o rei maravilha profetizado por Isaías. A secção final relataria então a obediência de José ao casar com Maria e ao nomear a criança “Jesus”

Além da ideia principal da revelação sobre Jesus Cristo, a passagem também ilustra um princípio prático para o povo de Deus que seria aplicável em muitas outras situações. As obras de Deus são sempre sobrenaturais, pelo que a revelação sobre as Suas obras deve ser estudada a fim de discernir qual é o plano divino e como este deve ser abraçado pela fé. Aqueles que acreditam no Senhor receberão a Sua Palavra e obedecerão a ela.

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