A frase “atman é Brahman” capta a visão primária da escola Vedanta sobre a realidade última e a nossa relação humana com ela. A escola Vedanta do pensamento hindu é uma das maiores e mais dominantes perspectivas da filosofia hindu.
O que significa “atman é Brahman”?
Dividamos a frase nos seus dois conceitos básicos.
P>Primeiro é “atman” – traduzido vagamente, isto significa “alma” ou “alma individual”. Atman refere-se à essência de cada ser vivo individual – a sua alma ou energia viva primária. Cada ser vivo – pessoas, animais, plantas – tem um atman que forma a essência eterna de cada coisa. O atman não é o corpo; o corpo não é eterno. O corpo aloja o carteiro até que o corpo morra. O atman é imortal e eterno.
Brahman é “alma mundial” ou “alma cósmica”. É a essência eterna do universo e a derradeira realidade divina. É a fonte de vida de tudo o que foi, é e será em todo o cosmos. Não é um ser individual – é mais o terreno primordial ou a realidade de todo o ser e de toda a existência.
Então, a frase “atman é Brahman” está a dizer, muito simplesmente, que a alma individual é a alma do mundo.
Por outras palavras, cada alma individual – digamos, tua ou minha – vem e é feita da mesma realidade que a alma do mundo. Não há distinção entre nós, por um lado, e a derradeira realidade divina, por outro.
Este é um conceito espantoso!
Significa basicamente que no nosso íntimo, somos divinos. Todos os seres vivos são divinos no seu eu mais profundo. Agora, esse eu divino pode estar escondido ou coberto por ódio, inveja, medo ou outras coisas negativas. Mas, no entanto, ele existe e é o nosso eu “verdadeiro” e “eterno”.
p>p>Talvez tenha ouvido as pessoas dizer olá, adeus ou cumprimentar as pessoas com a palavra “namaste” acompanhada de mãos fechadas e um arco. O que esta saudação significa é algo como “o divino em mim honra o divino em ti”. Esta afirmação faz sentido devido à crença de que “atman é Brahman” – todos os seres vivos são, em última análise, divinos.
Este conceito está no centro de grande parte da tradição não violenta do hinduísmo, e espalhou-se por todo o mundo para outros sistemas de pensamento.
Por exemplo, o Dr. Martin Luther King, Jr. estudou os ensinamentos de Gandhi, o famoso líder hindu, e aprendeu este conceito de atman é Brahman. O Dr. King incorporou-o na sua própria teologia cristã e utilizou-o como uma ideia central na sua teoria da resistência passiva e não violenta no movimento americano de direitos civis.
Os manifestantes de direitos civis não deviam atacar aqueles que gozavam com eles ou os assediavam pela sua posição a favor da igualdade de direitos perante a lei. Porquê? Porque mesmo os piores racistas – mesmo os membros do Ku Klux Klan – têm um carteiro, e esse carteiro é Brahman. Portanto, eles são divinos no seu íntimo e que devem ser respeitados apesar do ódio que expressam.
Atman é Brahman para todos – não apenas para as pessoas simpáticas.
Imagine a força que foi necessária para não chicotear aqueles que exprimiram ódio!
De facto, o conceito de “atman é Brahman” teve um impacto poderoso no mundo – mesmo em comunidades que não praticam o hinduísmo.
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