Em África, o termo crioulo refere-se a qualquer povo com alguma mistura de herança racial ou cultural africana e não africana. As populações crioulas podem ser encontradas na maioria das ilhas africanas e ao longo de muitas das costas do continente, áreas onde os africanos se misturaram pela primeira vez com europeus e árabes. Destes contactos, surgiram seis grandes tipos de crioulos: Português, negro-americano, francês, holandês, britânico, e árabe.
Português, negro-americano, britânico, e crioulo francês
crioulo português foi o primeiro dos crioulos europeus. Surgiram no final do século XIV, quando os portugueses comerciaram e se estabeleceram ao longo das costas oeste e leste de África. Os crioulos que vivem nas ilhas de CAPE VERDE são descendentes de europeus e de africanos escravizados do continente. Falam ou português ou uma língua crioula baseada no português. Os crioulos que vivem nas proximidades da costa de ANGOLA traçam a sua origem a mestiços, brasileiros, e antepassados africanos. Têm uma influência considerável sobre os assuntos do país. Os crioulos na área de MOÇAMBIQUE desapareceram durante uma série de guerras entre 1830 e 1911.
Créoles negros americanos encontram-se em SIERRA LEONE, LIBÉRIA, e em comunidades dispersas ao longo da costa de GHANA. São descendentes de escravos libertados e, na Libéria, de americanos negros livres do sul dos Estados Unidos. Os crioulos da Serra Leoa são descendentes de africanos libertados que viveram na Grã-Bretanha, Jamaica, e Nova Escócia.
As ilhas de MAURITIUS e SEYCHELLES, bem como o território francês de REUNION são o lar da maior parte dos crioulos franceses de África. São os descendentes de colonos e escravos franceses trazidos da África Oriental e MADAGASCAR nos anos 1700. Falam uma língua crioula francesa.
Créoles holandeses e britânicos
Mais de 3 milhões de crioulos holandeses, conhecidos como Coloureds ou CAPE COLOURED PEOPLE, vivem na ÁFRICA DO SUL. Há também pequenas populações na NAMÍBIA e noutros países da África Austral. Surgiram durante os anos 1600 e 1700 através de uma mistura de indivíduos de origem europeia e KHOISAN com asiáticos da Malásia, Sri Lanka, e Índia, e africanos escravizados de Madagáscar e da África Austral. A maioria é cristã, embora exista uma pequena minoria muçulmana conhecida como malaios do Cabo. A grande maioria dos habitantes da África do Sul fala afrikaans, uma língua holandesa.
Alguns milhares de crioulos britânicos, conhecidos como Fernandinos, vivem na ilha de Bioko na GUINÉ EQUATORIAL. São descendentes de escravos libertados da Serra Leoa e de Cuba que se casaram com colonos de CAMEROON, Gana, Serra Leoa e NIGÉRIA durante o domínio colonial britânico. Os seus descendentes crioulos tornaram-se plantadores de cacau.
Características comuns da cultura crioula
Os grupos crioulos têm hoje mais em comum uns com os outros do que têm com qualquer grupo étnico africano. Nas ilhas africanas, predominam as línguas crioulas; no continente, as línguas crioulas são línguas nacionais na Guiné-Bissau, Serra Leoa, Libéria, e África do Sul. Nas sociedades insulares, os crioulos ocupam uma vasta gama de posições, desde trabalhadores das plantações a membros da classe alta ricos e poderosos. Na costa da África continental, aos crioulos foram muitas vezes dadas oportunidades económicas e políticas por governantes estrangeiros. Estes desenvolveram um forte sentido de identidade e formaram os seus próprios partidos políticos. Quando as nações africanas lutavam pela independência em meados do século XIX, muitos crioulos apoiavam o domínio colonial. Alguns crioulos lutaram pela independência e, posteriormente, ocuparam posições de poder. Contudo, na maioria dos países, os crioulos perderam gradualmente o seu poder político para grupos étnicos do interior que eram considerados mais africanos.
A comunidade crioula de África cresceu de várias formas. Nas ilhas, elementos da cultura crioula, incluindo a língua e a música, passaram a dominar a cultura popular. Nas cidades crioulas do continente, alguns não crioulos tentaram tornar-se parte da sociedade crioula, que muitas vezes gozava de um estatuto especial. A maioria das pessoas que procuravam juntar-se à comunidade crioula convertida ao cristianismo, a religião partilhada por quase todos os crioulos, excepto os crioulos comorenses e os malaios do Cabo. (Ver também Grupos Étnicos.)